As enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul não só destacam a importância crítica da comunicação em tempos de desastres naturais, mas também expõem a ameaça perniciosa das notícias falsas. A proliferação de fake news durante esta crise, que atraiu os olhares e a piedade do mundo, tem amplificado os desafios enfrentados pelas equipes de resgate e pela população afetada, criando obstáculos adicionais ao esforço de recuperação e gerando desordem social significativa.

A luta incansável contra as fake news é essencial não apenas para manter a ordem durante a tragédia que assola o Rio Grande do Sul e sua população, mas também para preservar a confiança do público nas autoridades e facilitar as operações de salvamento e auxílio. A colaboração entre diferentes órgãos governamentais e a participação louvável da sociedade civil são indispensáveis para superar o desastre e garantir que a população, tanto a atingida quanto a que quer ajudar, tenha acesso a informações precisas e confiáveis. A iniciativa do governo em trabalhar com plataformas como Facebook e WhatsApp, por meio da Meta, também exemplifica um esforço colaborativo para mitigar o impacto da desinformação e da maldade deliberada.

Entre as inúmeras falsidades covardemente alastradas, foram identificadas alegações de que a Brigada Militar do Rio Grande do Sul estaria cobrando autorizações de voluntários para pilotar barcos e jet-skis, a soltura de presos das unidades prisionais de Charqueadas, cobranças de transferências via Pix pela Polícia Penal para a colocação de tornozeleiras eletrônicas, e que 18 toneladas de insumos estavam trancadas em depósitos da Defesa Civil em Torres e Canoas. Essas fake news geraram e geram pânico e confusão, prejudicando gravemente os esforços de resposta ao desastre.

O combate à desinformação é uma estratégia de guerra que, infelizmente, tem ocupado o tempo e esforços de quem quer ajudar, em meio às tempestades que assolam o Rio Grande do Sul, para garantir que a população tenha acesso a informações confiáveis e para que o governo possa agir de forma eficiente na resposta à crise das enchentes. No entanto, a persistência de gente mal-intencionada na propagação de informações falsas continua a ser um grande obstáculo a ser superado. A desinformação não apenas confunde os esforços de resposta imediata, mas também compromete a confiança pública nas instituições, minando, muitas vezes, a eficácia das operações de resgate e recuperação.

O desastre natural que machuca o Rio Grande do Sul e todos nós nos prova que é fundamental que haja um esforço contínuo e robusto para educar o público sobre a importância de verificar as informações antes de compartilhá-las. O combate às fake news deve ser visto não apenas como uma resposta a uma crise instalada ou iminente, mas como uma parte primordial da preparação e resiliência a longo prazo em face de desastres naturais. As autoridades devem intensificar sua vigilância e os cidadãos devem exercer uma cautela rigorosa, reforçando a necessidade de uma comunicação transparente e baseada em evidências como pilar de sociedades estáveis e seguras.

O governo do Rio Grande do Sul, em conjunto com a Polícia Civil e o Ministério Público, mobilizou uma força-tarefa para combater a disseminação dessas informações falsas. Esta equipe tem trabalhado incansavelmente para verificar e refutar notícias enganosas, resultando na correção de várias alegações mentirosas, como cobranças indevidas para serviços de resgate e libertação inexistente de prisioneiros. Mais de dez fake news já foram desmentidas, demonstrando o impacto direto desses esforços na restauração da ordem.

Assim, é vital reforçar permanentemente a necessidade de checar fatos antes de publicá-los ou compartilhá-los, dado o grave impacto que as fake news têm em distorcer a verdade e provocar danos sociais irreversíveis. As fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul mais uma vez nos mostram que é imprescindível promover uma campanha contínua para educar a população sobre a importância de verificar uma, duas, dez vezes, se preciso for, as informações antes de repassá-las, especialmente considerando como as notícias falsas podem desestabilizar pessoas, comunidades, populações, acirrar e alimentar conflitos e corroer a confiança no Estado e no jornalismo sério.

O povo brasileiro se destaca por sua inigualável solidariedade, um brilho que se torna ainda mais luminoso diante dos desafios enfrentados pela população do Rio Grande do Sul. Sempre prontos a estender a mão, os brasileiros mostram que, em tempos de necessidade e desespero, não há barreiras geográficas ou sociais que impeçam a empatia e o apoio mútuo. Sigamos combatendo as fake news para para que a generosidade incansável dos brasileiros, cuja ajuda tem sido um farol de esperança e força para os gaúchos, não seja obstaculizada. Que o espírito solidário do Brasil continue a inspirar e a transformar vidas por todo o país.

Claudia Marques
Jornalista especialista em gestão de crise e CEO da Qu4tro Comunicação e Assessoria Estratégica